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Antes de comprar um carro, é importante considerar as despesas de manutenção

Fonte: O Imparcial Online - São Luis - MA

Seu filho passou no vestibular ou acabou de se formar e toda a família está feliz. Chegou a hora, então, de cumprir a promessa e presenteá-lo com um carro. Antes de tomar a decisão, porém, é bom fazer as contas e ver se o custo de manutenção de mais um veículo cabe no seu bolso, recomendam os consultores. "O risco de descontrole é grande se a família não tem uma folga ou não se preparou para arcar com mais essa despesa", diz o especialista em educação financeira Reinaldo Domingos. Segundo ele, com crédito abundante e parcelamento a perder de vista, a prestação do veículo é o que menos pesa no bolso. "O custo de manutenção mensal é, muitas vezes, maior do que a parcela", assegura.

Segundo Domingos, para provar, é só começar a fazer as contas. Além do custo do financiamento, liste todas as despesas fixas e variáveis. Como fixa, ensina Domingos, devem estar na lista os gastos com seguro, IPVA e licenciamento, além do seguro obrigatório. Não se esqueça de acrescentar a depreciação do valor do veículo, em média de 10% por ano. "Veículo não é um investimento, mas um bem de consumo que se deteriora com o tempo", lembra.

Na mesma planilha, anote as despesas variáveis, como combustível, manutenção, multas, estacionamento e lavagem do carro. Fora o financiamento, a despesa média mensal de manutenção de um carro popular, na faixa de R$ 25 mil, é de R$ 875. No caso de automóveis mais caros, que implicam custos maiores, pode ultrapassar R$ 1 mil por mês. Não é pouca coisa.

Um carro mais simples, que custa R$ 30 mil no mercado, vai comprometer o seu orçamento em pelo menos R$ 685 se a sua opção for por fazer um financiamento em cinco anos (60 meses), dando de entrada apenas 10% do valor (R$ 3 mil). As despesas fixas chegam a R$ 500 por mês, com as variáveis alcançando outro tanto. No mínimo, então, o consumidor estará assumindo uma rubrica de R$ 1.685 todo mês.

Caso a compra seja absolutamente necessária, Domingos dá algumas dicas de como economizar. Se o consumidor mora numa cidade grande, uma boa opção é o revezamento de caronas. Cada dia, um vizinho ou um amigo pode assumir o transporte do colega para o trabalho ou faculdade. O uso do transporte público como alternativa, principalmente se há metrô perto de casa, não deve ser descartado.

Todos os dias, Tales Gontijo, 22 anos, sai de casa e vai, de carro, até o ponto de transporte público. De lá, segue até a rodoviária, onde pega um ônibus em direção à Universidade. A saga rende uma economia de R$ 300 mensais.

Transporte público

O estudante tem os gastos com o carro controlados. Por mês, são cerca de R$ 150. Aos 19 anos, Gontijo comprou o veículo próprio, modelo 1992, com o dinheiro de uma poupança feita pelo pai. Comedido, usou apenas metade do dinheiro do fundo. O resto, poupou para momentos de necessidade. O veículo, no entanto, passa muito tempo estacionado. "Acho um gasto desnecessário. Não me importo de usar o transporte público. Só uso o automóvel no fim de semana ou quando tenho prova e não posso correr o risco de chegar atrasado", conta.

O carro de Gontijo é isento de IPVA. O estudante também poupa nas lavagens. "Não preciso pagar R$ 30 para lavar o carro. Eu mesmo posso fazer isso", afirma. Agora, nas férias, ele se dedica a um cursinho preparatório para concurso público. Para economizar nos gastos com combustível, o estudante se mudou para a casa de um amigo na próximo aos seus destinos. Ele garante que economiza cerca de R$ 150.

Na contramão, Gustavo Dias, 23 anos, já passou por apertos por não economizar com o terceiro carro. O estudante de Administração garante gastar, por mês, ao menos R$ 500 com o veículo, entre as lavagens quinzenais, o combustível e as caronas dadas aos colegas não motorizados. "Não custa nada desviar um pouco da rota para buscar um amigo em casa. Se a pessoa está precisando, eu levo. Acho que fariam a mesma coisa por mim", diz. Ele afirma que também não pede aos amigos que ajudem na gasolina.

O estudante afirma que o carro abocanha boa parte do salário de estagiário. Para dar conta dos gastos, ele vende parte do vale-alimentação. Além da gasolina e das lavagens, o estudante reclama do preço dos estacionamentos. "Como só tenho uma hora de almoço, geralmente vou a algum shopping. Nem sempre acho vaga em estacionamentos gratuitos e tenho que pagar para deixar o carro", diz. "Bati o carro e tive que pegar dinheiro emprestado para pagar o conserto. Imprevistos, como um pneu furado, também pesam."

Por tudo isso, a decisão de adquirir o primeiro carro ou um veículo adicional para a família deve ser muito bem pensada, aconselha o educador financeiro Reinaldo Domingos. Segundo ele, na maioria das vezes o consumidor pode esperar um pouco mais, enquanto constitui uma boa poupança. "Esse dinheiro extra poderá ser fundamental no futuro", diz.

Reparo 10% mais caro

O custo médio dos consertos de veículos, incluindo peças e mão de obra, ficou 10,78% mais caro em 2011, segundo os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse foi um dos três fatores apontados pelo diretor-executivo da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Neival Freitas, para explicar o aumento nos preços dos seguros no país, de 5,99%. Os outros dois foram a elevação dos preços dos veículos e do número de acidentes.

Em São Paulo, o seguro subiu num ritmo quase três vezes maior do que a média nacional, chegando a 17,24%. Em Fortaleza, a escalada foi de 13%. Em Brasília, o aumento foi mais comedido 2,21%). Em algumas poucas capitais, os preços caíram. No Rio de Janeiro, onde encolheram 6,87%, o fenômeno teve relação direta com a queda da criminalidade, explicou a diretora da Life Insurance, Luciana Santana.

Mesmo com o aumento na média brasileira, as seguradoras garantem que seu produto é a forma mais econômica de proteger o veículo. Elas lembram que, de uma hora para a outra, você pode ficar sem o carro, numa batida de grande porte que provocou perda total. O que você faz se abalroar um carro importado de luxo? Vai dispor da quantia necessária para bancar o conserto? Além disso, é bom não esquecer que ninguém está livre de furtos ou roubos, principalmente nos grandes centros urbanos.

Jabis Alexandre, diretor geral de automóveis do grupo segurador BB-Mapfre, observa que as seguradoras obtêm descontos no preço da reparação de um veículo, o que uma pessoa, sozinha, teria muita dificuldade em conseguir. Depois, segundo ele, os ajustes de preços não são lineares. Dependem muito da experiência da seguradora e da frequência de perdas parciais ou totais, além de furtos e roubos sofridos pelo cliente. Com base nesses parâmetros, o preço é ajustado.

Conta também (e muito) - o perfil do segurado, além, é claro, do valor de mercado do automóvel segurado. O seguro de um veículo dirigido por um jovem de até 25 anos é caro porque, em geral, ele se arrisca e corre mais - sem falar na possibilidade de uso de bebidas alcoólicas nas baladas noturnas. Também entra na conta a situação de risco do carro, que depende da região em que o cliente mora, por onde passa e se o veículo fica exposto a maior parte do tempo na rua ou guardado numa garagem.

Luciana Santana dá uma dica para o seguro ficar dentro do orçamento. Ela conta que, todo ano, poupa o equivalente à franquia, aquela parte do conserto com que o segurado tem de arcar no caso de uma batida. Se ele não se envolver em nenhum acidente durante o ano, é provável que esse dinheiro seja suficiente para pagar a renovação.

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