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Perdas do país com enchentes podem atingir US$ 4 bi ao ano

Fonte: Brasil Econômico

Expectativa para 2030 supera em quase três vezes o atual US$ 1,4 bi de prejuízos anuais com inundações

Flávia Furlan e Cláudia Bredarioli

Os prejuízos econômicos do Brasil com as enchentes - que hoje giram em torno de US$ 1,4 bilhão por ano - podem atingir até US$ 4 bilhões em 2030, ampliando dos atuais 33 milhões pessoas para 43 milhões a população exposta ao risco de inundações.

Mas o cálculo, da seguradora Swiss Re, aponta também para a possibilidade de redução de até um terço dessas perdas se forem tomadas medidas de prevenção, adaptação e transferência de risco que garantam as ações de desenvolvimento que o país precisa.

No ano passado, o Brasil ganhou destaque no cenário mundial das catástrofes em razão dos deslizamentos de terra na região serrana do Rio de Janeiro, que deixaram 1.348 mortos.

O número levou o país ao segundo lugar no ranking calculado pela Munich Re (veja quadro) que aponta os eventos com mais vítimas fatais, atrás apenas do tsunami que atingiu o Japão.

Em razão da tragédia japonesa, aliás, 2011 marcou um novo recorde de perdas econômicas globais com catástrofes naturais, somando US$ 380 bilhões em prejuízos, segundo a seguradora. O pico anterior havia sido registrado em 2005, com perdas de US$ 220 bilhões.

"Felizmente, uma sequência de graves catástrofes naturais, como a do ano passado é uma ocorrência muito rara", avalia Torsten Jeworrek, membro do Conselho da Munich Re. Cerca de 27 mil pessoas foram vítimas de 820 catástrofes naturais em 2011. Desse total, 90% dos eventos registrados foram relacionados ao clima.

"Essas catástrofes naturais graves são lembretes de que as decisões sobre onde construir edifícios ou cidades inteiras merecem consideração cuidadosa e séria sobre esses riscos", diz Peter Hoppe, chefe da unidade de pesquisas de riscos Geo da Munich Re.

E esse é justamente o principal risco brasileiro. O prejuízo humano que se viu na região serrana fluminense decorreu especialmente do fato de muitas pessoas morarem em áreas de risco.

Pior do que isso: sem ter para onde ir, boa parte dessa população retornou às suas casas depois de passadas as chuvas, voltando a se expor ao risco.

Mais de 40% da população brasileira sujeita aos riscos das enchentes residem no Sudeste e um quarto no Nordeste, segundo os dados da Swiss Re. A seguradora estima também que mais da metade das perdas anuais do país atualmente se concentrem no Sudeste, 15% no Sul e 13% no Nordeste.

A análise da consultoria chama a atenção ainda para os riscos que um eventual pouco caso com as ações de prevenção possam trazer aos ambiciosos planos de desenvolvimento para o país, considerando especialmente os possíveis atrasos em obras para os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo de 2014.

"As principais rodovias do Sudeste (por exemplo, entre Rio de Janeiro de São Paulo) atravessam áreas de risco. O projeto do trem de alta velocidade, planejado para fazer a ligação entre as capitais paulista e fluminense, por exemplo, pode estar exposto a riscos de inundações por cortar o vale do rio Paraíba do Sul", avalia o relatório da resseguradora.

Sob as águas

Independentemente dos alertas dados - e do aprendizado que poderia ter sido tirado da catástrofe no Rio - o que tem sido visto nos últimos dias são números crescentes de vítimas e de prejuízos em decorrência da intensificação das chuvas.

Os sistemas de alerta do país estão funcionando, mas ainda falta ação coordenada em rede com outros órgãos envolvidos no socorro, especialmente a Defesa Civil.

Com isso, Minas Gerais conta com mais de 100 municípios em estado de emergência, com mais de 2 milhões de pessoas vítimas dos efeitos das chuvas. O governador, Antonio Anastasia, vai solicitar ao governo federal pelo menos R$ 1,5 bilhão para serem investidos nos locais atingidos.

A proposta deverá ser apresentada à ministra do Planejamento, Miriam Belchior, amanhã.

No Rio, quase 35 mil pessoas já estão fora de suas casas. O governador, Sérgio Cabral, afirmou que todo o estado está em alerta máximo. O número de afetados no Espírito Santo passou de 17,7 mil para mais de 139 mil.

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