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Concentração atinge também cooperativas e consórcios

Fonte  DCI

O número de instituições financeiras, bancárias e não bancárias caiu 9% nos últimos dois anos, de 2.294 para 2.088 ao fim de 2012, uma redução de 206 instituições. No segundo semestre do ano passado foram fechadas 66 instituições. Ao mesmo tempo, a concentração bancária atingiu 91% entre os 10 maiores, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado ontem pelo Banco Central (BC).

"O aumento da concentração agrava a competitividade das instituições menores e precisa ser regulada pelo Banco Central. Isso se reflete nas taxas e tarifas abusivas cobradas pelos grandes bancos. Os menores terão que se reinventar", diz o professor de Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Samy Dana.

No segundo semestre de 2012, entre os bancos, o BC cancelou o registro de autorização de funcionamento de duas instituições - o Agrobanco Banco Comercial e o múltiplo Banco Agrimisa. O regulador colocou em liquidação extrajudicial o Banco Cruzeiro do Sul e o Banco Prosper e decretou intervenção no Banco BVA. O BC registrou apenas uma autorização de entrada no mercado brasileiro, a do chinês ICBC do Brasil como banco múltiplo em 18 de dezembro do ano passado.

Entre as instituições não bancárias, houve a redução de 25 cooperativas de crédito (2% do total). "No caso das cooperativas, o grande problema enfrentado por elas é a falta de profissionalização da gestão de risco de crédito, enquanto os grandes bancos foram obrigados a melhorar a gestão de risco por força da regulação do BC. Mas ainda há um grande espaço para o cooperativismo de crédito crescer no Brasil", avalia o professor da Escola de Administração de Empresas da FGV João Carlos Douat.

Segundo o BC, assim como no primeiro semestre de 2012, esse decréscimo do número de cooperativas deveu-se a processos de cancelamentos por inatividade operacional e de ingressos no regime de liquidação ordinária. "Além disso, também ocorreram incorporações, resultantes do processo em curso de fortalecimento do setor cooperativista de crédito", explica o relatório.

Entre as cooperativas, o BC decretou uma liquidação extrajudicial, cancelou o registro de 11 delas, 14 passaram por processo de incorporação e apenas 3 pediram autorização para funcionar no segundo semestre de 2012.

Outro segmento que apresentou redução foi o de administradoras de consórcio, 35 das quais foram fechadas (13,6% do total) no segundo semestre de 2012.

"Um dos fatores que tiraram o diferencial das menores foi a redução da taxa de juros, diminuindo a diferença com as grandes. As pequenas também enfrentam dificuldades para captar recursos para suas operações", argumentou o professor de Finanças da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Mário Amigo.

O número de corretoras de títulos e valores mobiliários caiu de 98 para 94, e o número de distribuidoras de títulos reduziu-se de 121 para 118 instituições. Só houve crescimento das corretoras de câmbio: de 52 no primeiro semestre para 57 ao fim de 2012.

O Banco Central também informou a liquidação extrajudicial de duas corretoras de valores, duas distribuidoras de títulos.

A concentração também cresceu entre os 10 maiores bancos. Segundo o relatório a razão de concentração (RC10) atingiu 91% das operações de crédito, puxada pelas atividades dos bancos públicos Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.

Quanto a concentração bancária, o BC ressaltou em seu relatório que pela primeira vez, os bancos públicos (50,8%) superaram os bancos privados (49,2%) em depósitos totais.

"Esse crescimento da participação dos bancos públicos deve-se, em grande parte, ao aumento ocorrido entre junho e dezembro de 2012 do saldo de operações de crédito do Banco do Brasil e da Caixa, respectivamente de 15,6% e de 19,4%", afirma o Relatório de Estabilidade.

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