Breaking News

Produtos baratos ganham espaço em nova realidade



Valor Econômico 

A arrecadação nominal das seguradoras no ramo de veículos caiu 3,2% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2015, totalizando R$ 15,837 bilhões em prêmios diretos. Contabilizando a inflação, a queda real é de 11%. João Francisco Borges da Costa, presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), diz que não há nenhum sinal de melhora no horizonte. "A venda de carros novos não reage e as seguradoras estão realizando um esforço enorme para se ajustar à nova realidade do mercado".

O primeiro semestre de 2016 foi o pior em 10 anos para a indústria automobilística, com um recuo de 25,4% nas vendas no país. A contratação de seguros é alta entre os donos de veículos zero, chegando a 90%, mas decai gradativamente a cada ano de uso do carro. Em cinco anos, a proteção alcança menos de 40% dos veículos.

Por outro lado, a sinistralidade média do mercado teve alta de 4,2%, chegando a 64,8%. O aumento de gastos com sinistros é decorrente do impacto da inflação sobre os valores de peças para reparos de veículos, mas principalmente do aumento de casos de perdas totais que reflete um maior índice de roubos e furtos em praças como Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba.


Para não perder lucratividade, diz Borges da Costa, as seguradoras reajustaram preços e tornaram-se mais seletivas na análise de risco e aceitação do cliente. Além disso, buscam mais eficiência operacional, inclusive compartilhando atividades de back office, como estruturas de regulação, checagem de sinistros e call center.

A oferta de produtos que cabem no bolso do consumidor tem sido a principal fonte de expansão dos negócios em 2016. A BB Mapfre somou R$ 2,5 bilhões em prêmios emitidos no primeiro semestre, o que representa uma queda de 10,7%. Sérgio Barros, diretor de seguros de automóveis do grupo, diz que a companhia espera reverter essa queda com uma estratégia que soma criatividade em novos produtos e uma análise técnica mais apurada do risco de cada operação, avaliando a região, o perfil do segurado e do veículo, com isso a empresa precifica melhor seus produtos e evita penalizar segurados que apresentam baixo risco.

A inovação veio com dois novos produtos. O seguro de seis meses, para quem tem dúvida sobre sua disponibilidade de recursos e quer reavaliar em um futuro próximo a conveniência ou não de manter o seguro e mesmo o carro. A outra novidade é o seguro plurianual, para quem tem estabilidade na renda, mas quer vantagens numa contratação em longo prazo, no caso o desconto em média é de 20%. Os novos produtos já respondem respectivamente por 3% e 15% das vendas da companhia. "Nosso desempenho de vendas melhora mês a mês, o que nos dá a confiança de que estamos no caminho certo", diz Barros.

A SulAmérica fechou o segundo trimestre com uma queda em sua receita de 7,6%. No primeiro trimestre, a retração havia sido de 13,1%. O vice-presidente Eduardo Dal Ri atribui a redução da queda a uma disposição da seguradora, muito presente no Rio, em fortalecer sua marca em outras praças, principalmente em cidades com baixo índice de sinistralidade nas regiões Nordeste e Sul, além do interior mineiro e paulista.

Para o segundo semestre, a grande aposta da companhia é o lançamento nacional do SulAmérica Compacto, um seguro com todas as coberturas do produto tradicional da empresa, mas sem algumas comodidades, como carro reserva e guincho por tempo limitado e motorista amigo em noites de abuso na bebida. O novo produto sai entre 20% e 25% mais barato. "Nas praças em que já lançamos, a aceitação do Compacto tem sido muito boa", diz Dal Ri.

No grupo Porto Seguro, o melhor desempenho no ano é o da marca popular Azul, com um crescimento de 14%. A marca Itaú, voltada para um público de poder de renda intermediário, cresceu 13%, enquanto a marca premium Porto Seguro, que apresentou uma queda de 2,5% no primeiro trimestre, alcançou o empate em relação a 2015. Luiz Pomarole, diretor geral do grupo, diz que a melhor distribuição das marcas Azul e Itaú fora de São Paulo e o lançamento de novos produtos geraram um impulso importante nas vendas.

O Itaú Auto Roubo, que não cobre colisão, é negociado com descontos que vão de 20% a 40% e tem atraído principalmente proprietários de veículos seminovos.

A Tokio Marine registrou um crescimento de 4,6% no semestre. Marcelo Goldman, diretor executivo de produtos massificados, atribui a expansão dos negócios à ampliação da distribuição, que agora conta com 20 mil corretores associados, e a oferta de um segundo produto, o Tokio Marine Clássico, com preço entre 5% e 6% mais barato que o tradicional da seguradora, para quem opta por uma indenização menor em ocorrências de perda total. "Esse produto já responde por 20% dos negócios", diz Goldman.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario