Breaking News

Resseguros cresce e demonstra resiliência



Valor Econômico 

Em menos de uma década de abertura de mercado, o resseguro mais que dobrou de tamanho. Saiu do monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) para atrair 100 das maiores resseguradoras do mundo e 16 empresas nacionais. Passou de R$ 3,8 bilhões por ano para R$ 10 bilhões por ano. É um mercado ainda pequeno, mas que revela resistência às oscilações da economia brasileira, além de exibir potencial para um novo salto. Os desafios passam por novas mudanças legais, como o aumento do seguro garantia para obras de infraestrutura, a retomada do crescimento do país e a criação de um polo de exportação de resseguros para angariar negócios no mercado latino-americano, que movimenta US$ 18 bilhões ao ano.

No último relatório do Terra Brasis Resseguros, com base em dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o volume de resseguro acumulado em 12 meses até junho foi de R$ 10,5 bilhões, frente a R$ 9,2 bilhões do mesmo período de 2015 - crescimento anual de 14,1%. O volume de resseguro emitido pelas resseguradoras locais foi de R$ 7,8 bilhões, alta de 8,3% em relação aos R$ 7,2 bilhões apresentados no acumulado de 12 meses findos em junho de 2015. No primeiro trimestre de 2016, as resseguradoras locais apresentaram lucro de R$ 509 milhões, ante R$ 448 milhões no primeiro trimestre do ano passado. O IRB-Brasil Re lucrou R$ 414 milhões e as demais resseguradoras R$ 95 milhões.

"O mercado de resseguros é resiliente e tem crescido apesar da crise. Vinha crescendo dois dígitos. Este ano deve ficar em um dígito, em torno de 5 a 6%, o que representa uma pequena perda frente à inflação", diz Paulo Pereira, presidente da Federação Nacional das Empresas de Resseguros (Fenaber). "A penetração da indústria de seguros na economia ainda é baixa e a tendência é continuar subindo. A desmistificação do resseguro também contribui", afirma Paulo Eduardo de Freitas Botti, presidente da Associação Nacional das Resseguradoras Locais (NA-Re) e da Terra Brasis Resseguros.


Depois de quase 70 anos de monopólio estatal do Instituto de Resseguros do Brasil, o mercado foi aberto pela Lei Complementar 126, de 2007. Resoluções posteriores do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) passaram a exigir que pelo menos 40% dos contratos fossem oferecidos primeiro a resseguradora locais e criaram restrições de repasse de contratos para empresas de um mesmo grupo, mais tarde substituídas pela permissão para que 20% dos prêmios possam ser repassados a empresas do mesmo grupo com sede no exterior.

A mudança atraiu novos produtos e recursos externos. Oito anos depois da entrada em vigor da nova regra operam no setor 123 resseguradoras. Dezesseis são locais, empresas com sede no país, capital mínimo de R$ 60 milhões e valor proporcional ao tamanho da operação; 30 são admitidas - empresas estrangeiras com escritório no Brasil e capital mínimo de R$ 5 milhões; e mais de 70 são eventuais, autorizadas a operar de acordo com suas necessidades.

Uma das empresas atraídas pela abertura foi a Swiss-Re, maior operadora de seguros e resseguros do mundo, com sede na Suíça. O grupo já atuava na América Latina havia mais de um século e tem escritório no Brasil desde 1998, mas começou a operar efetivamente há quatro anos. Hoje figura com uma operadora local, a Swiss-Re Brasil Resseguros, duas admitidas e uma eventual. No Valor 1000 deste ano, aparece em sétimo lugar no ranking de finanças, com prêmio líquido emitido de R$ 250,5 milhões. "Acho que vamos fechar o ano com um pouquinho de crescimento, embora menor que dos primeiros três anos de atuação", diz Margo Black, presidente da Swiss Re Brasil Resseguros.

A Austral Resseguradora é uma das dezesseis empresas locais do mercado e também não tem do que se queixar. É a terceira maior entre as nacionais, atrás de IRB-Brasil Re e Zurich Re. No ranking do Valor 1000 aparece em quarto lugar, logo depois da admitida Allianz Global Resseguros, com prêmios líquidos emitidos de R$ 467,9 milhões. "A estratégia é manter a saúde da carteira, talvez com redução do prêmio pela primeira vez, e a criação de novas linhas de negócios, como resseguro de automóveis e vida, e a diversificação em negócios fora do Brasil, que era 10% e agora deve fechar em 15%", afirma Bruno Freire, executivo da Austral Re.

Na ponta do consumo de resseguro, o Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, maior cedente de prêmios de resseguros no mercado segurador brasileiro em 2015 com R$ 2,2 bilhões - 12% maior que o volume negociado em 2014 -, também aposta no crescimento do mercado. Mas primeiro será preciso vencer as turbulências deste ano. "O ano passado foi bom para as resseguradoras, com sinistralidades suportáveis. Este ano a sinistralidade está bem mais elevada. Somos líderes de mercado em seguro rural e tivemos nível de problemas climáticos elevado", diz Fernando Zamboim, diretor de resseguros corporativos do grupo BB e Mapfre.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario