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Sustentabilidade é parte da estratégia dos negócios



Valor Econômico 

Um planeta sustentável, que preserve suas riquezas naturais e garanta a qualidade de vida de seus habitantes, é também um ambiente ideal de negócios. E quando se fala de riscos e prevenção, a indústria de seguro se apresenta como uma das mais bem preparadas. Por uma razão muito simples: zelar por vidas, bens e patrimônios é o seu negócio. Para isso, é preciso enxergar mais longe e inovar, sempre, para se precaver.

A indústria de seguros já se conscientizou da necessidade de assumir seu papel neste cenário sob pena de não se sustentar. Prova disso é que, em julho último, foi lançado o 1º Relatório de Sustentabilidade do Setor de Seguros, elaborado de acordo com as diretrizes e indicadores da Global Reporting Initiative (GRI). "O relatório é um grande marco e o primeiro do setor de seguros, dentro de uma diretriz internacional. É um retrato de como está o mercado segurador em relação às questões Ambiental, Social e de Governança (ASG)", diz Maria de Fátima Mendes de Lima, presidente da Comissão de Sustentabilidade e Inovação da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg).

O novo modelo, comenta a executiva, favorece a organização do conteúdo e a comparação dos indicadores do setor, com os de cada empresa integrante ou os de outros segmentos da economia. "Isso mostra uma evolução do mercado de seguros nessas questões e como a sustentabilidade vem sendo integrada na estratégia de negócios das empresas", diz. Do seu ponto de vista, o relatório favorece, inclusive, a expansão nas áreas de negócios e muitas empresas já estão trabalhando em linha com essas diretrizes. "Embora não se possa ainda mensurar o crescimento no volume na área de serviços, é possível dizer que já é bastante perceptível", afirma.


O documento, que dá sequência à quarta geração de indicadores da GRI, traz dados referentes às 23 maiores empresas seguradoras, que respondem por 80% da receita da indústria de seguros. O que se percebe, diz a presidente, é que as iniciativas nas áreas de responsabilidade social e da sustentabilidade estão ganhando mais força no cotidiano das empresas. Hoje, 67% das companhias ligadas à Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) estão empenhadas na realização da gestão e mitigação de suas emissões de gases do efeito estufa. A redução desses gases está diretamente ligada à saúde das pessoas - assim como muitas seguradoras de saúde estão empenhadas em programas para uma melhor qualidade de vida de seus associados.

Metade das companhias filiadas à Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg) faz a gestão de suas emissões e realizam ações mitigatórias e 2,2 mil toneladas de sucata automotiva já passaram por logística reversa. Das 23 empresas, 77% delas mantêm algum tipo de engajamento com stakeholders e 91% endereçam internamente os resultados das consultas para melhoria de processos e adequação de produtos e serviços; 85% mantêm iniciativas ligadas à educação em seguros e 27% incluem temas ASG nos treinamentos tradicionais de profissionais de subscrição.

Na área de governança corporativa, no entanto, segundo Maria de Fátima, apenas 59% das seguradoras têm seus comitês ou comissões específicas para tratamento das questões ambientais, sociais e de segurança (ASG); 19% possuem metas de desempenho da alta liderança e 67% realizaram treinamentos ou apresentações à alta liderança sobre sustentabilidade em 2015. "O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, apesar das conquistas já realizadas. Nosso desafio é acompanhar novos cenários de riscos, estar sempre em linha com ascendentes globais e melhorar o nosso negócio", afirma a presidente da comissão.

Há um número enorme de bens materiais e imateriais protegidos sob o guarda-chuva da indústria de seguro. Por exemplo, "questões demográficas, aumento da longevidade da população e gestão de resíduos são fatores importantes e sensíveis na nossa cadeia de valores; e esse último já está sendo tratado pelas seguradoras dentro do contexto da Política Nacional de Resíduos Sólidos". "É preciso internalizar todas essas questões no nosso negócio e devolver para a sociedade em forma de produtos e serviços adequados para essa questão material", explica.

Para dar sustentação ao documento, a CNSeg lançou em julho deste ano um programa de apoio a ideias inovadoras. São as chamadas startups, cujo programa é realizado por meio da CNspar, um braço de participação e investimento em inovações para atrair para o setor novas ideias que possam aprimorar processos, sistemas e produtos. Outra ação da Confederação, com alvo no aprimoramento das relações com os consumidores e com a sociedade em geral, foi a criação do Programa de Educação em Seguros. "Trata-se de um conjunto de ações para disseminar, de forma simples e direta, as principais questões relacionadas ao mercado segurador", detalha Maria de Fátima. O mercado segurador, segundo dados da CNSeg, acumula hoje mais de R$ 800 bilhões em termos de garantias.

Para José Carlos Abrahão, presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a sustentabilidade na saúde e no seguro não é apenas a sustentabilidade ambiental. Ele entende que "é preciso trabalhar a gestão de risco, a análise do impacto da legislação e a previsibilidade". E emenda: "Nenhum segurador trabalha se não tiver seus olhos na previsibilidade. E esta é a missão do órgão regulador. Um exemplo: temos que prover segurança jurídica para diminuir uma situação que hoje tanto se fala, que é a judicialização da saúde".

É consenso dizer que prevenir custa menos que remediar, mas poucas empresas conseguem quantificar esses benefícios. A SulAmérica não só contabilizou os ganhos como provou que a prevenção, em saúde, é a política de sustentabilidade com maior retorno. Só a iniciativa Doenças Crônicas, lançada em 2014, gera uma economia anual estimada em R$ 79 milhões. Na iniciativa Envelhecimento Saudável, a economia foi de R$ 2,8 milhões. As duas ações fazem parte do Programa SulAmérica Saúde Ativa.

"Trata-se de um conjunto de iniciativas de incentivo à saúde e ao bem-estar com o objetivo de estimular hábitos de vida mais saudáveis e, consequentemente, prevenir doenças e suas complicações", detalha Tomás Carmona, superintendente de sustentabilidade da SulAmérica. As ações começaram a ser implementadas há 14 anos, explica o executivo, e estão alinhadas às necessidades do segurado e à maturidade da empresa em gestão de saúde e de bem-estar.

O Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre foi buscar no Sebrae/SP a expertise na capacitação de micros e pequenos empresários prestadores de serviços. "Selamos uma parceria com o Sebrae para a realização de uma série de cursos sobre processos sustentáveis e gestão de negócios e pessoas aos prestadores de serviços credenciados da companhia, São 2 mil oficinas mecânica, de funilaria e pintura que fazem o atendimento aos segurados de automóvel", diz Rogério Esteves, diretor de sinistro de automóvel do Grupo BB e Mapfre.

Para Gilberto Lourenço, diretor geral de administração, finanças e marketing do BB e Mapfre, a formação de micro e pequenas empresas contribuirá para o desenvolvimento dos parceiros de negócio e a multiplicação de conhecimento sobre o setor. "Tudo isso está totalmente alinhado ao papel da seguradora como indutor de boas práticas na cadeia de valor e ao nosso compromisso de gerar resultados positivos para toda a sociedade", conclui.

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