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Brasileiro precisa ampliar sua cultura de poupança

Fonte: Valor Econômico 

Idade para se aposentar e hábito de poupar são dois pontos que, de acordo com executivos e especialistas, precisam de atenção especial na reforma da Previdência. Pesquisa com idosos divulgada no final de setembro pelo Serviço de Proteção ao Crédito Brasil (SPC Brasil) revelou que 33,9% dos idosos brasileiros com mais de 60 anos continuam trabalhando e que 56% deles o fazem por questões financeiras - 46,9% para pagar as próprias contas e 9,1% para ajudar a família. O estudo mostra também que 35,1% dos idosos disseram não ter se preparado para a aposentadoria e que 58,2% dos que se prepararam declararam que o preparo limitou-se à contribuição para o INSS. Apenas 8,4% responderam ter investido em algum tipo de previdência complementar.

"É hora de discutirmos com seriedade e encarar o problema", diz Jorge Nasser, diretor geral da Bradesco Vida e Previdência e da Bradesco Capitalização. Segundo ele, outra pesquisa recente feita pela Federação Nacional de Previdência e Vida (Fenaprevi) com pessoas em idade de aposentadoria perguntou, entre outras coisas, o que fariam se pudessem voltar atrás. Da amostra consultada, 38% disseram que teriam começado mais cedo a poupar, 47% declararam que teriam gasto menos e 26% que teriam quitado dívidas mais cedo. E 86% disseram saber pouco ou nada sobre a reforma da Previdência.

"O país precisa desenvolver uma cultura previdenciária mais sólida", afirma. Hoje, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os fundos de previdência complementar representam 12% do PIB no Brasil; 96% no Reino Unido, 84,6% nos Estados Unidos, 74,7% no Canadá e 68,3% no Chile.


Para Sandro Bonfim, superintendente de Produtos da Brasilprev, a pesquisa do SPC Brasil revela que muita gente com mais de 60 anos que poupou para a aposentadoria, "talvez não saiba que esses recursos serão insuficientes, dado o aumento da longevidade".

Bonfim vê a situação agravada pelo fato de que as pessoas no Brasil têm pouco conhecimento sobre como lidar com dinheiro e considera que o mercado tem dois papéis importantes a desempenhar: mostrar a necessidade de começar a poupar logo no primeiro emprego e estimular a monitorar a poupança, aumentando o valor das contribuições à medida em que avançar na carreira profissional. Segundo ele, a Brasilprev criou, em parceria com a Trevisan Escola de Negócios, uma ação que prevê palestras de esclarecimentos em escolas e associações de bairros, que já beneficiou 58 mil pessoas.

Para o presidente da Fenaprevi, Edson Franco, os esforços feitos nos últimos anos têm trazido retornos significativos. Em meados da década de 1990 as reservas acumuladas na previdência complementar não passavam de R$ 3 bilhões. Atualmente se aproximam de R$ 600 bilhões, envolvendo 14 milhões de poupadores, o que corresponde a 15% da população economicamente ativa do país.

Franco destaca que a recente pesquisa sobre a reforma da Previdência feita pela Fenaprevi mostrou que há uma resistência das pessoas a abrir mão das expectativas individuais, mesmo em uma conjuntura na qual a base da pirâmide etária, que trabalha e dá sustentação à Previdência, está encolhendo e o teto, representado pelos idosos, se expandindo. Quando se perguntava se elas achavam que era preciso trabalhar mais tempo para se aposentarem a resposta era sim, mas, quando vinha a pergunta sobre qual a idade para se aposentar, elas respondiam 54 anos.

Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawaiti, a pesquisa da instituição deixa claro que "o brasileiro não pensa tanto no futuro" e que ele está "vivendo mais e melhor" e gastando mais dinheiro por isso. Com o aumento da expectativa de vida, Marcela avalia que uma pessoa que se aposenta hoje aos 50 anos tem a possibilidade de desfrutar a mesma quantidade de tempo que viveu trabalhando, o que gera uma situação insustentável.

Com a perspectiva de que a aposentadoria pública seja cada vez mais insuficiente para sustentar seus beneficiários, a saída, diz ela, é trabalhar na formação de uma consciência previdenciária.

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