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Drones são mercado em evolução

Fonte: Valor Econômico
Por Danylo Martins | De São Paulo

Parecem aviões de brinquedo, mas, na verdade, são máquinas poderosas que conseguem chegar, com precisão, em áreas inacessíveis. No Brasil, o uso das aeronaves remotamente tripuladas, mais conhecidas como drones, foi regulamentado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em maio. Entre as regras está o seguro obrigatório com cobertura contra danos a terceiros nas operações de drones com mais de 250 gramas.

Estudos indicam área com forte potencial de crescimento. Segundo relatório da Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS), os drones são utilizados principalmente para inspeções industriais, seguidas pelo mercado imobiliário, pelo agronegócio e pelo setor de seguros. Estima-se que o mercado de seguros para os veículos aéreos não tripulados deva alcançar US$ 1 bilhão em prêmios até 2020, com EUA concentrando mais da metade desse valor.

Como as regras são recentes, o mercado segurador brasileiro está começando a vislumbrar negócios. O primeiro passo dado por algumas companhias foi lançar o seguro de responsabilidade civil do explorador e transportador aéreo (Reta), seguindo o regulamento da Anac. "O seguro de cascos e responsabilidade civil para drones funciona da mesma forma que o seguro para aeronaves tripuladas, não tendo a cobertura para passageiros e tripulantes, mas uma cobertura de responsabilidade civil para pessoas e bens no solo", destaca Cristina Raposo, head de aerospace da corretora Willis Tower Watson.


Em função da obrigatoriedade de contratação do seguro Reta, a corretora tem sido muito procurada por empresas de diversos segmentos, como segurança, eventos, inspeção de linhas de transmissão, agricultura, mineração, topografia, aerofotogrametria (técnica que utiliza fotografias aéreas), entre outros.

Por enquanto, apenas Axa e Banco do Brasil e Mapfre oferecem a proteção obrigatória de responsabilidade civil, segundo ela. "À medida que o seguro se desenvolva no Brasil, acredito que outras seguradoras ou até mesmo as que já atuam disponibilizarão novos produtos com foco na utilização corporativa de drones", avalia.

Em maio, após a regulamentação da Anac entrar em vigor, o Grupo BB e Mapfre lançou o seguro de responsabilidade civil para drones, que cobre danos causados a terceiros no solo, com limite segurado de R$ 230 mil. "O valor muda conforme a categoria e o peso do drone", explica Carlos Polizio, diretor de aeronáutico, casco e transporte do grupo segurador.

Como o produto é novo, ainda não há dados relativos a prêmios, mas Polizio diz que a procura tem aumentado nos últimos meses. Não à toa, o grupo segurador prevê ofertar o seguro de danos ao equipamento ainda este ano ou até o primeiro semestre de 2018. "O uso do drone veio para ficar. É um mercado que tende a crescer de 10% a 15% por ano", enfatiza o executivo.

Os drones também surgem como uma nova ferramenta para ajudar no trabalho de subscrição e monitoramento do risco pelas seguradoras. "Os drones permitem captura de imagens que podem gerar melhor conhecimento do risco, bem como mapeamento de áreas que possam ser afetadas por eventos cobertos", observa Marcelo Homburger, vice-presidente executivo de riscos corporativos da corretora Aon Brasil. Segundo ele, a tecnologia é utilizada para riscos patrimoniais, agrícolas, entre outras. "Às vezes, por dificuldade de acesso a algumas regiões, os drones conseguem gerar informações importantes para as seguradoras."

A Tokio Marine foi uma das primeiras seguradoras a usar drone para inspeção de risco, com uma vistoria realizada na obra do trecho Norte do Rodoanel, em Guarulhos (SP), no fim de julho. "Com a visão 360 graus do risco a partir das imagens capturadas pelo drone, é possível enxergar detalhes que talvez um ser humano não conseguisse ver", diz Felipe Smith, diretor executivo de produtos pessoa jurídica da Tokio Marine.

Inicialmente, a seguradora utilizará os drones para medição do risco no seguro de property, mas o objetivo é levar a ferramenta para o seguro de safras, além de seguros patrimoniais e de engenharia. "Com vídeos feitos pelos drones, conseguimos mostrar rapidamente aos executivos das empresas onde estão os possíveis problemas, e montar um plano de ação", afirma Smith. Também está nos planos da Tokio Marine, provavelmente para este ano, o lançamento do seguro obrigatório de responsabilidade civil para drones.

Desde 2015, a diretoria de agronegócio do BB e Mapfre possui um grupo focado no estudo das novas tecnologias para gestão e sensoriamento remoto de risco. A tendência é usar mais imagens de satélites para acompanhar o desenvolvimento de plantações ou monitorar riscos específicos em áreas de florestas, diz Paulo Hora, gerente executivo de operações e sinistros rural e habitacional do grupo. "As imagens acabam criando um mapa mais assertivo da lavoura, o que se traduz em ganho de eficiência na avaliação do sinistro.

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