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Iniciativa reforça diversidade e inclusão

Fonte: Valor Econômico
Por Wanise Ferreira | Para o Valor, de São Paulo

A diversidade e a inclusão estão se transformando em temas permanentes na pauta de iniciativas do setor de seguros. Torna-se mais atrativa a perspectiva de que tanto a inovação quanto o entendimento do cliente podem ter como base o trabalho com grupos que permitem capturar mais amplamente as ideias, vivências e origens.

Apesar de inicialmente ser um movimento interno, ele também poderá se refletir em vantagens competitivas para as companhias em uma sociedade cada vez mais plural. Essa visão tem ganhado escala global há alguns anos e recentemente desembarcou no mercado brasileiro que, em breve, ganhará sua primeira cartilha sobre o tema, apontando alguns modelos que podem ser adotados pelas seguradoras.

"Incentivar que o setor de seguros proporcione um ambiente de trabalho acolhedor para todos, sem nenhuma forma de discriminação, seja por etnia, gênero, idade, deficiência ou credo, é essencial para a sustentabilidade do negócio", afirma o presidente da CNseg, Marcio Serôa de Araujo Coriolano, no documento elaborado pela entidade.


Na cartilha, a CNseg deixa claro que a "multiplicidade, diferentes ângulos de visão ou de abordagem e intersecção de diferenças são motores que impulsionam as inovações dos produtos, serviços, relações pessoais e corporativas". A proposta que o documento apresenta é a de ilustrar "boas práticas" que podem ajudar na efetividade de programas de diversidade.

"Os modelos de diversidade a serem aplicados não são os mesmos para todas as empresas, eles variam de acordo com o perfil de cada uma", observou Ana Paula Santos, diretora jurídica da Assurant e líder do Grupo de Trabalho da Diversidade & Inclusão da CNseg. No seu radar está o de "convocar" o mercado para participar do Fórum da Diversidade para seguros, que deverá ser lançado até o final do ano. Afinal, como lembra a executiva, essa temática exige que se fale, que se debata e coloque questões pertinentes aos conceitos que envolvem o tema.

O Relatório de Sustentabilidade do Setor de Seguros, referente a 2016, mostra que os desafios são grandes. Entre as 30 empresas pesquisadas, 58% da força de trabalho são mulheres e 42% são homens. No entanto, a participação de mulheres nos conselhos de administração e órgãos de governança varia de 5% a no máximo 40%.

Os dados mostram ainda que 38% das empresas têm restrições a homossexuais. Desde 2007 a população preta ou parda superou a branca no mercado de seguros. No entanto, 95,1% dos Conselhos de Administração são compostos por brancos, 94,2% do quadro executivo e 90,1% dos cargos de gerência.

Segundo Ana Paula, entre as empresas estrangeiras a questão da diversidade está um pouco mais amadurecida, mas ela começou a ganhar espaço também entre as nacionais. Entre as melhores práticas sugeridas pela cartilha da entidade está a necessidade do engajamento da alta direção. Também figura a criação de uma rede de apoio interna, a elaboração de políticas de apoio, a atenção ao viés inconsciente, um conjunto de estereótipos que as pessoas têm e acabam influenciando seu comportamento, o desenvolvimento de indicadores e a definição de diretrizes e objetivos.

Nélia Soares, diretora de recursos humanos da AIG, conta que a empresa tem uma política já madura em outros países e está se tornando uma referência também no mercado brasileiro. "Hoje somos muito procurados por outras companhias que querem apoiar a diversidade mas ainda não encontraram o caminho adequado", comenta.

Com a premissa de que uma força de trabalho diversificada promove a criatividade, que leva à inovação e crescimento, a AIG conta há três anos com um grupo de afinidades de mulheres, que trata de vários temas como a liderança feminina e mesmo o empreendedorismo, e há um ano instituiu o grupo LGBT que já chegou contribuir com o canal de serviços para algumas especificações no seguro-viagem. "Hoje percebemos que vários tabus já são tratados abertamente e ganhamos com toda a riqueza da pluralidade", afirma.

Entre os desafios, ela enumera a necessidade de tratar a diversidade dentro da própria diversidade, com uma espécie de estratificação de categorias. A formação dos grupos de afinidades atende a demandas dos próprios funcionários. Mundialmente, a seguradora tem mais de 90 ERG (Employee Resource Groups) envolvendo uma participação ativa de mais de 12 mil funcionários.

Em 2015, o grupo segurador Banco do Brasil e Mapfre (BB Mapfre) criou o conselho da diversidade para fortalecer, por meio de debates e ações específicas, a cultura do respeito às diferenças. Desde então, várias iniciativas tiveram lugar para ampliar as discussões que envolvem gênero, raça e etnia, deficiências, LGBT e geracional.

E avança em outros pontos importantes, como a inclusão de transgêneros e o apoio a grupos de refugiados. "Nós tivemos um funcionário que decidiu fazer a transição de gênero e recebeu todo o apoio do grupo. Hoje, seu crachá já tem o nome escolhido ", diz Cynthia Betti, diretora de recursos humanos.

A partir de conversas no Grupo Mulheres, a empresa liderou uma iniciativa que culminou no primeiro ciclo do Programa Jovem Aprendiz Refugiado, para capacitação profissional de jovens entre 16 e 24 anos vindos de países como Angola, Congo, Serra Leoa e Síria. Para isso, realizou várias parcerias, entre as quais com a PARR (Programa de Apoio para Recolocação de Refugiados) e Acnur (Agência Nacional de Refugiados).

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