IRB ON perde 16% em um pregão após nova carta da gestora Squadra
Forte movimento de venda de IRB ON aconteceu após a gestora Squadra divulgar nova carta sobre a empresa de resseguros
As ações ordinárias do IRB Brasil lideram as perdas do Ibovespa durante todo o pregão da segunda-feira. Os papéis fecharam o dia com queda de 16,49%, a R$ 33,01, com forte giro financeiro (R$ 1,48 bilhão). O principal índice da bolsa recuou 1,05%. O forte movimento de venda de IRB ON hoje aconteceu após a gestora Squadra divulgar nova carta sobre a empresa de resseguros.
Há uma semana, a gestora compartilhou com o mercado 154 páginas de detalhada análise sobre o IRB, motivada pela percepção de que a companhia apresenta uma rentabilidade muito mais elevada do que o setor. No domingo à noite, a Squadra voltou a se manifestar, agora rebatendo publicamente comentários feitos pelos executivos da resseguradora em reuniões privadas com clientes de bancos de investimento nos últimos dias.
Desde a divulgação da primeira carta, as ações do IRB acumulam queda de 26,37%, o que equivale a uma perda de R$ 11,1 bilhões em valor de mercado. No dia 31 de janeiro, o valor de mercado era de R$ 41,96 bilhões, atingindo hoje R$ 30,9 bilhões.
Até hoje, a companhia não havia se posicionado oficialmente, alegando estar em período de silêncio por conta da divulgação de balanço. Nesta segunda, contudo, realizou uma teleconferência para prestar esclarecimentos. Entre outras informações, o diretor financeiro do IRB, Fernando Passos, afirmou que a companhia vai fazer um conjunto de notas de reconciliação, abordando alguns pontos de dúvida levantados pela gestora Squadra.
Segundo a Squadra, o IRB, em conversas privadas, vinha atuando para confrontar a análise apresentada pela gestora — a companhia tem dito a esse grupo seleto de ouvintes que a avaliação da Squadra contém “muitos erros”.
A gestora identificou que a geração de caixa da resseguradora vem diminuindo ao longo dos anos e iniciou uma investigação que identifica que os resultados apresentados desde que ela chegou à bolsa, em 2017, só poderiam ser explicados por itens não recorrentes no balanço da companhia.
A Squadra também informou que seu fundo mantém uma posição vendida (apostando na queda) de ações do IRB desde 2018, e que, portanto, a desvalorização das ações da resseguradora beneficia seu resultado.
Em relatório divulgado hoje, a XP Investimentos colocou a recomendação dos papéis do IRB sob revisão. “Nossa recomendação anterior de compra e estimativas não são mais válidas a partir da publicação desse relatório”, disse o analista do setor financeiro da XP, Marcel Campos. Segundo ele, a cobertura das ações do IRB estão sob revisão, dada a alta incerteza gerada pela falta de esclarecimentos por parte da empresa.
A XP elencou uma série de pontos de questionamento que foram levantados pela Squadra. Entre eles, estavam: inconsistências entre os dados de recuperação das seguradoras na SUSEP e os dados reportados pelo IRB; diferenças entre a sinistralidade de contratos originados por licitação pública e os reportados pela resseguradora; provisões abaixo da média histórica; ganhos não recorrentes e não caixa; e geração de caixa incompatível com a lucratividade.
Outro ponto destacado pela XP é a simulação feita pela Squadra sobre o impacto de tais transações nos lucros antes de imposto nos nove meses reportados de 2019, saltando dos oficiais R$ 1,4 bilhão para um prejuízo de R$ 112 milhões.
“Ainda não obtivemos esclarecimentos suficientes por parte da companhia para que pudéssemos reavaliar os questionamentos levantados pela Squadra. Segundo o documento da gestora, muitas das análises envolvem interações com reguladores (locais e estrangeiros), além da interpretação independente de dados contábeis”, analisou.
No relatório, o analista da XP chama atenção para o fato de o IRB estar em período de silêncio, em função da divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2019. “Nossa expectativa, entretanto, é de que maiores esclarecimentos sejam compartilhados com o mercado na divulgação. Até então, investidores devem esperar volatilidade no curto prazo, conforme o mercado continue a assimilar as informações”.
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