Breaking News

Mercado de seguros brasileiro não precisa de proteção

Fonte: Brasil Econômico

ENTREVISTA: NIKOLAUS VON BOMHARD, Presidente do conselho de administração do Grupo Munich Re

Avaliação é do executivo da maior resseguradora do mundo sobre mudanças de regras no Brasil

Thais Folego

A história do grupo segurador alemão Munich Re como Brasil é de longa data. Começou na década de 1930, quando a companhia tinha uma participação na argentina Sulamericana, que mantinha operações no Brasil.

Na chamada Era Vargas, quando o mercado de seguros foi fechado para estrangeiros, acabou forçada a sair. Voltou em 1951, após a II Guerra Mundial, com negócios como IRB, que detinha o monopólio de resseguros no Brasil. Em 1997, montou um escritório no país, já de olho na abertura desse mercado, que aconteceu 10 anos depois. Agora, apesar das recentes mudanças que o governo impôs a este mercado sem aviso prévio e que, o grupo reafirma seu investimento na operação no país.

"Com o tamanho que o mercado de seguros tem no país, o Brasil não precisa de proteção", diz em perfeito português Nikolaus von Bomhard, alemão que preside do conselho de administração do Grupo Munich Re em entrevista ao BRASIL ECONÔMICO. Bomhard abriu a operação brasileira da Munich em1997.

As regras do seguro e resseguro no Brasil mudaram, incluindo a limitação de cessão de risco entre empresas estrangeiras do mesmo grupo, alémde uma reserva de mercado de 40% para as resseguradoras locais.

Como a Munich vê isso?

Sempre fazemos negócios de acordo comas regras do mercado local. Não sabemos o que motivou essas mudanças, mas um país com o mercado de seguros maduro e do tamanho do brasileiro não precisa de proteção. É um pouco de contra-senso para um país desenvolvido como o Brasil. Em alguns países, como a Índia, também vimos esse tipo de reserva quando o mercado passa a ser aberto,mas ela vai diminuindo ao longo do tempo.

Quais são os planos para a operação brasileira?

Temos uma fatia boa no mercado local de resseguros, mas ainda temos muito espaço para crescer, principalmente entrando em áreas que não atuamos ou temos pouca participação. É o caso dos ramos de vida, saúde e agricultura.

Mas, para isso, precisamos de uma política perene e sustentável por parte do governo e dos agentes de mercado.

Quais são os principais temas que estão na pauta do mercado de seguros mundial?

A regulação dos passivos das seguradoras é um tema importante.

Na Europa, as mudanças do regime de Solvência II estão em discussão desde 2003 e vão mudar bastante o mercado, principalmente a forma como os produtos são projetados. Vamos sair de um mundo muito antigo da Solvência I para um mundo muito moderno, o que já acontece nos bancos comas três etapas da Basileia. O que ocorre na Europa tem muita influência em outros países, tanto nos Estados Unidos como no Brasil, onde também se discute como seguir essas mudanças.

Outro tópico importante, agora do lado dos ativos, é a questão dos investimentos, com as crises que têm afetado os mercados de capitais e, consequentemente, as aplicações das seguradoras.

Por fim, a maior frequência das catástrofes naturais.

Como as catástrofes naturais impactaram os resultados na Munich e como a empresa tem lidado com isso ?

No primeiro trimestre tivemos uma concentração de eventos, que na minha vida de segurador nunca tinha visto. Só de danos por eventos naturais, éramos responsáveis pela cobertura de € 2,7 bilhões antes de impostos.

Normalmente durante o ano inteiro temos uma média de € 900 milhões de perdas de catástrofes naturais. O que experimentamos é muito, mas não fora do que somos capazes de arcar, por isso não temos que mudar profundamentalmente os modelos que usamos, apenas limitar a exposição a alguns tipos de risco.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario