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Portal das Organizações Globo estimula o consumo do Seguro Pirata

Fonte: CQCS

Em matéria divulgada no portal Globo.com, no dia 18 de maio, com o título “Preços de seguros de carro variam até 210% e motoristas buscam alternativas”, foram apresentadas vantagens da contratação de produtos de associações de proteção veicular, mais conhecidos por Seguro Pirata.

Em determinado trecho, a matéria explica como a operação é realizada. “As associações oferecem ressarcimento contra roubos, acidentes e danos de terceiros. O motorista paga, mensalmente, uma taxa média de R$ 80 de adesão. Se algum carro do grupo no qual ele faz parte tiver algum sinistro, o prejuízo é dividido por todos os integrantes, e a quantia sobe. Em caso de roubo, o pagamento do prêmio leva cerca de 45 dias para ser feito pela associação. As seguradoras pagam em 20 dias”.

A reportagem causou estranheza às pessoas que conhecem o assunto, pois estas pretensas organizações são montadas, única e exclusivamente, para vender este tipo de produto que tenta se parecer como o Seguro de Automóvel, mas sem constituir as reservas necessárias para fazer frente às possíveis despesas de ressarcimento futuro, o que vem gerando uma série de autuações da Susep.
Desde o ano passado, a Susep instaurou 33 processos contra as empresas de proteção veicular e 29 foram considerados procedentes. Nesse período, a maior multa alcançou o valor de R$ 72 milhões, em julho do ano passado, para uma empresa que devia defender os interesses de caminhoneiros no sul de Minas Gerais.

A segunda maior multa, que chegou a R$ 31,1 milhões, foi para uma associação de caminhoneiros de Itaúna, também em Minas Gerais. A soma de ambas já resulta numa conta superior a R$ 100 milhões.

Entidade do segmento

Com todas as denúncias e relatos que já chegaram ao CQCS, sabemos que a atividade exercida por essas associações e cooperativas cresceu tanto que já há até uma entidade defendendo o segmento. Trata-se da Confederação Nacional das Associações de Benefícios Mútuos (Conabem).

Para completar, indicando como a notícia do Globo.com foi bastante simpática com as associações que comercializam o Seguro Pirata, afirma o texto que “o deputado Pedro Fernandes (PMDB) entrou com uma representação no Ministério Público pedindo uma investigação sobre a prática de discriminação por parte das seguradoras”.

Como balanço geral, a matéria do Globo.com faz portanto uma divulgação escancarada do Seguro Pirata, sem levar em conta os danos causados à industria de seguros. Para exemplificar, o texto conta que o militar Edmário Mota da Silva, de 51 anos, trocou a seguradora pela associação há cerca de seis meses. “Estou pagando R$ 1.860,00 por ano, em vez de R$ 2.900,00 cobrados pela seguradora”.

O valor mais baixo do Seguro Pirata tem, entretanto, seu lado perverso. É o que foi noticiado pelo jornal O Estado de Minas com o relato da auxiliar de cartório Danielle Fernandes de Moraes, de 23 anos. Ela ainda não tinha terminado de pagar o veículo e tinha contratado o “seguro” por R$ 68,00 mensais, junto à Nossa Associação de Proteção de Veículos Automotores, de Contagem, em Minas Gerais.

Quando aconteceu uma batida e precisou acionar a proteção, no começo deste ano, recebeu o carro depois de três meses de espera. Segundo O Estado de Minas, o carro de Danielle estava, mesmo após os reparos, “desalinhado, com a pintura trincada e um pára-choque diferente em relação ao anterior, com farol de milha (mas que não funciona)”.

“Nunca passei tanta raiva. Mandaram o carro para uma oficina de fundo de quintal, só de lanternagem e pintura. E já paguei R$ 1mil do meu bolso pelo radiador”, afirma o namorado de Danielle, Pablo Luiz Firmo Novaes.

Diante desse panorama de ampla falta de informação sobre as deficiências e perigos do Seguro Pirata, o CQCS entrará em contato com a diretoria de Jornalismo das Organizações Globo, visando buscar meios de esclarecer melhor a população.

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